Medos e Fobias

Todo mundo sente medo, trata-se de um sentimento universal! Uns sentem mais, outros sentem menos. Mas é impossível vivermos sem medo. Nosso corpo parece ter sido programado para nos ajudar a lidar com todo tipo de perigos. O medo, em certa medida, é necessário para a proteção do ser humano diante dos perigos da vida. É uma espécie de proteção automática, uma defesa que nos ajuda a decidir se devemos lutar ou fugir.

É absolutamente normal que sintamos medo.

Temos reações físicas e mentais ao medo. Um determinado estímulo, que desperte medo, pode munir nosso corpo inteiro de adrenalina nos preparando para uma rápida reação física. Nossos ancestrais precisavam disso para a sobrevivência.

Dependendo das circunstâncias, todos nós podemos exibir reações de medo mais intensas do que de costume. Por exemplo: uma viagem de avião mais turbulenta pode causar um frio na barriga mesmo em uma pessoa acostumada a viajar; um cachorro grande e bravo vindo em sua direção pode despertar medo e fazer você sair correndo. Mas, isso não significa que se tenha adquirido uma fobia.

Você sabe a diferença entre medo e fobia?
Quando o medo fica excessivo, em situações que estão longe de representar uma ameaça real, estamos diante de um medo patológico. Denominamos FOBIA quando o medo é persistente, desproporcional e irracional aos objetos, situações ou atividades que não oferecem perigo real ao indivíduo. Pode ser medo de avião, de altura, de elevador, de escuro, de um animal doméstico ou de um inseto, como também medo de estar no meio de pessoas…

O medo patológico se diferencia do medo normal por várias razões. Veja o que define exatamente essa patologia:
SINTOMAS DO MEDO PATOLÓGICO:
• Não tem razão objetiva; é irracional;
• Não tem base na realidade concreta;
• É sempre em relação a situações e/ou objetos;
• É desproporcional;
• Provoca uma aflição (ansiedade) desmedida;
• É acompanhado de sintomas físicos (falta de ar, sudorese, tontura, tremor…) ;
• Interfere nas atividades do cotidiano.

O diagnóstico de fobia é válido quando a esquiva, a fuga, o medo ou a antecipação ansiosa (ansiedade antecipatória) do encontro com esses objetos ou situações for responsável por uma interferência significativa no cotidiano da pessoa, prejudicando seu desempenho social e/ou individual, ou, ainda, causar sofrimento em demasia.

Tipos de fobias
As manifestações da fobia se apresentam de diversas formas e em graus de intensidade diferentes.
Fobia Simples (também chamadas de fobias específicas): são as mais comuns na população geral, envolvendo:
• Animais: como cachorros, cobras, ratos, incluindo insetos;
• Sangue ou ferimentos: o medo é causado pela visão de sangue, ferimentos, ao receber injeções, submeter-se a cirurgias;
• Aspectos do ambiente natural: o medo é causado por circunstâncias da natureza, como tempestades, enchentes;
• Determinadas situações: como altura, viagens aéreas, túneis;
• Outros: palhaços, contrair doenças…
Fobia social: o horror é sentir-se objeto de observação e avaliação pelo outros, como, por exemplo, falar em público, escrever diante da observação dos outros, comer em público.

Agorafobia: a pessoa tem medo de se encontrar em locais ou situações das quais sair dali (escapar) poderia ser difícil ou embaraçoso ou, na maioria das vezes, em situações nas quais um auxílio imediato pode ser difícil, caso a pessoa venha a passar mal.
Há pessoas que são acometidas por Ataques de Pânico, de uma hora para outra, apresentando sintomas físicos terríveis, sem que saibam identificar exatamente o que as ameaça.

O que todos esses tipos de fobia têm em comum é a presença de sintomas físicos, como por exemplo: taquicardia, sudorese, tontura, náuseas, falta de ar e/ou sintomas psíquicos, tais como: inquietação, irritabilidade, sobressalto, insegurança, insônia, dificuldade de concentração, sensação de estranheza.
As fobias geram desconforto ao indivíduo, em maior ou menor grau

Esses transtornos ocorrem com uma frequência alta na população em geral. Grande parte das pessoas que tem fobia encaixa-se no grupo das fobias específicas, das quais as mais recorrentes são: medo de altura, de dirigir, de elevador, de avião e de bichos, especialmente insetos. Em geral, as fobias específicas começam na adolescência e no início da vida adulta.

Os psicanalistas têm uma convicção: a de que toda e qualquer fobia é manifestação de uma angústia mais profunda, muitas vezes sem relação aparente com o objeto do medo, ou seja, na fobia, a fonte original do medo muitas vezes é substituída por outro objeto através do mecanismo de deslocamento, ou ainda por conta da repressão, enquanto que a fonte primitiva da ansiedade é reprimida. Porém, o grau de deslocamento da fobia varia de um caso para outro.

Medo e Ansiedade
O medo e a ansiedade andam juntos, pois sempre que há o medo há a ansiedade, seja em sinais físicos ou psíquicos. Nos casos de fobia, há uma resposta ansiosa inadequada a determinado estímulo.

Assim sendo, a fobia nada mais é do que uma reação ansiosa exagerada, que faz com que o Sistema Nervoso Central tome por situações de risco estímulos banais e inofensivos do dia a dia.

Além da ansiedade, outra característica da fobia é o comportamento de esquiva, ou seja, a pessoa procura organizar sua vida de forma que não tenha que enfrentar situações que a coloquem em contato com o que teme. Isso porque a pessoa fóbica centraliza sua ansiedade diante de um objeto e melhora quando se afasta dele. É uma tentativa de diminuir sua incapacidade frente a situações em que a ansiedade é disparada pela aproximação do que é temido. Nos graus mais leves, a evitação é percebida como um gosto ou preferência. Em quadros com maior evitação, pode haver desinteresse total pelo objeto fobígeno.

Também comum de acontecer é a negação da fobia, numa tentativa de subjugar o medo inconsciente. Isso é possível graças ao uso do pensamento mágico do tipo: “Isso não pode me acontecer.” ou “Eu não tenho medo disso…

Vale salientar que, sem tratamento adequado, as fobias podem se tornar cada vez piores, pois muitas vezes o medo do fóbico amplia-se, prolonga-se ou modifica-se. Por exemplo: uma pessoa pode ter inicialmente medo de grandes avenidas movimentadas e depois passar a ter medo até de pequenas ruas e, por isso, deixar de sair de casa. Há pessoas que começam a ter “medo de ter medo”. Apavorada com a ideia de voltar a sentir os sintomas do medo, a pessoa passa a fugir dos ambientes em que os ataques ocorreram, como se tal atitude pudesse evitá-los. É por essa razão que tantas vítimas acabam se trancando em casa.
A fobia pode ser incapacitante, comprometendo o sucesso do indivíduo, pois paralisa, descompensa e faz perder o controle

Um exemplo de medo patológico limitante é o de quem sofre de fobia social generalizada. A pessoa fica aterrorizada em situações comuns, como: ir a um supermercado ou a uma loja, comer na frente dos outros, escrever ou assinar um cheque quando alguém está olhando, ou mesmo usar um banheiro público. Esse tipo extremo de fobia faz com que os indivíduos se esquivem por se sentirem julgados, observados ou criticados o tempo todo. Em geral, suas vítimas não conseguem trabalhar, manter amizades ou namorar. Não raro, experimentam ataques de pânico.
Quando buscar ajuda

Deve-se procurar ajuda quando o medo – e a sua companheira inseparável, a ansiedade- estiverem atrapalhando a vida da pessoa. Grande parte dos indivíduos não procura tratamento, além de tentar esconder os seus sintomas das outras pessoas. É bastante comum vermos pessoas convivendo com suas fobias ao longo de toda a sua vida, sem chegar a tomar a iniciativa de buscar um tratamento. Como vimos, muitas dessas pessoas se esquivam das situações que temem.

É fundamental que os portadores de qualquer tipo de fobia entendam é que se esquivar de situações que lhes causam ansiedade é um tremendo equívoco, talvez o maior de todos os enganos que os fóbicos possam cometer contra si mesmos. Se você realmente quer superar sua fobia, a única regra a ser seguida para a superação das fobias é o enfrentamento. Enfrentar o medo é ter certeza de que ele jamais será maior do que você.

É importante que a pessoa procure um especialista para estabelecer o diagnóstico e as possibilidades terapêuticas adequadas. É importante salientar que é necessário que esse diagnóstico seja sempre feito por um especialista em saúde mental.
Procure a ajuda de um especialista em saúde mental

Ao contrário de antigamente, quando a pessoa com fobia ia progressivamente se retraindo e se isolando cada vez mais, hoje em dia, o medo, mais precisamente, o medo patológico, o que limita de alguma forma a vida das pessoas, vem aparecendo com frequência cada vez maior em consultórios psiquiátricos e clínicas psicológicas. As pessoas estão ficando menos receosas de procurarem ajuda para seus medos. Isso se deve, sem dúvida, ao maior conhecimento da população sobre os sintomas e a eficácia dos tratamentos.

Podemos tratar a fobia com psicoterapia e com medicamentos. Através da psicoterapia, a pessoa aprende a enfrentar situações aterrorizantes, com mais segurança e a otimismo. As psicoterapias podem variar conforme a linha de compreensão adotada pelo profissional de saúde mental.

Sob o efeito dos medicamentos, consegue-se impedir que sintomas físicos, tão desagradáveis fujam ao controle, como por exemplo: suar demais ou apresentar uma súbita vontade de ir ao banheiro. Isso acaba por devolver à pessoa a autoestima necessária para que sinta segurança naquilo que faz ou que fará.
Para o tratamento de fobias específicas, a psicoterapia é a mais indicada.

Quanto aos medicamentos, se as substâncias utilizadas forem inadequadas ou forem ministradas em doses inapropriadas ou excessivas, isso pode agravar os quadros de fobias específicas. Portanto, medicamentos só devem ser usados com prescrição médica.

Aliar psicoterapia ao uso de antidepressivos parece ser a chave do sucesso. O tratamento medicamentoso é muito mais eficaz quando associado à psicoterapia e vice-versa

Apesar de todos os avanços nas técnicas de tratamento das fobias, não se pode deixar de lado uma coisa importante: não ter medo de assumir seus medos nem de falar abertamente sobre eles. É o passo inicial. Ou seja, não adianta frequentar um consultório e não falar sobre o que o aflige.
Com tratamento adequado, é possível reverter esses quadros tão dolorosos ou no mínimo atenuá-los, para que seja possível desfrutar a vida. E é possível melhorar muito a qualidade de vida dessas pessoas.

A boa notícia é que as fobias são tratáveis, tornando-se uma condição que pode ser superada.